Crônicas de conteúdo histórico-cultural sobre artistas, personalidades, políticos e acontecimentos em Duque de Caxias, RJ, projeto concebido pelos jornalistas Alberto Marques e Josué Cardoso.

segunda-feira, maio 12, 2008

PEDAÇOS DA NOSSA HISTÓRIA

FAÇAM O JOGO, SENHORES!

O cassino na Av. Dr. Manoel Teles foi transformado em clínica mas, hoje, completamente abandonado, serve de criadouro para o “Aedes Aegypiti” (Foto: Beto Dias)

Por ser vizinha do Distrito Federal, antiga Capital do País, a cidade de Duque de Caxias sempre serviu de “ponto de passagem” para certos modismos da grande metrópole. Nos idos de 40, quando o jogo era livre, um português resolveu investir num cassino. Um espaçoso prédio foi construído a pouco mais de 1 km da Praça do Pacificador, numa das pontas da “Rua da Balança”, oficialmente chamada de Av. Dr. Manoel Teles. Nesse prédio funcionou uma Clínica Médica, hoje fechada. Em 1946, a decisão do Presidente Eurico Gaspar Dutra, ao proibir o jogo, apenas construiu um biombo, que escondia a jogatina que campeava no País. A prova é que, até hoje, temos cassinos, máquinas caça-níqueis e rinhas de galos espalhados pelo País.
Na época dos cassinos livres, havia emprego para “croupiers”, bailarinos, atores e atrizes, vedetes e até cantores e cantoras de sucesso. Os dois cassinos mais famosos foram o da Urca, na Zona Sul do Rio de Janeiro e onde, mais tarde, funcionaram os estúdios da TV-Tupi, e o “Quitandinha”, em Petrópolis. Era um excelente negócio para seus donos, pois os cassinos movimentavam verdadeiras fortunas. Fechado o cassino da Av. Dr. Manoel Teles, seu proprietário, o português João Silva, continuou na cidade, agora comandando uma banca do “Jogo do Bicho” e se transformando num benfeitor, no melhor estilo “Giovani Improta” de José Wilker, ajudando clubes sociais e entidades beneficentes. Além de ajudar na carreira política de muita gente que, na tribuna, apontava o jogo-do-bicho como uma praga social. Mais conhecido pelo apelido, “João Bicheiro”, o maior banqueiro do jogo do bicho de Duque de Caxias era dono da famosa banca “Três Batutas Loterias”. E, por conta disso, dono da mais luxuosa casa da cidade, que ocupava o espaçoso terreno entre a Avenida Brigadeiro Lima e Silva e Rua Marechal Deodoro, em pleno 25 de Agosto, hoje sede do Banco Bradesco.
Durante o curto governo Roberto Silveira, 1959-1960, o Palácio do Ingá, sede do Governo, mantinha um serviço de ajuda às instituições beneficentes com contribuições dos banqueiros. Para dar uma aparência legal ao jogo, as “bancas” eram autorizadas a vender os bilhetes da Loterj e da Federal, com uma condição específica: não haveria encalhe de bilhetes. Assim, a Loterj tinha uma receita garantida, pois todos os bilhetes eram comprados pelos banqueiros. Foi com esse dinheiro que o Dr. Moacyr do Carmo pode manter o Hospital Infantil num velho sobrado da Av. Nilo Peçanha, antes mesmo de ser prefeito.
Nos anos 60, começou a “invasão” da cidade por outros banqueiros, como Melchiades Mariano, também conhecido como "Manduca”, amigo de João Havelange e que foi tesoureiro da CBF. “Manduca” trouxe para a cidade a “Paratodos Loterias”, hoje entregue à família do Sr. Antonio Soares da Silva, grande benemérito da Escola de Samba Grande Rio e que para aqui viera gerenciar a nova loteria. Outras duas “loterias” surgiram nessa época, mas, com poucos pontos de apostas, logo desapareceram: “O Cravo da Sorte”, patrocinado pelo ex-X-9 e ex-vereador Armando Belo de França, e “Caçula Loterias”, da família Freitas Lima.
Mais tarde houve uma nova tentativa de reinstalar o jogo na cidade, sob o patrocínio do “banqueiro” Carlinhos Maracanã, com a sua casa noturna “Farolito”, na rua Alberto Torres, ao lado da estrada de ferro e próximo do Cemitério do Corte Oito.
Outra atividade marginal que teve grande influência política e econômica no Município foi a construção de hotéis, aproveitando a abertura da Rio-Petrópolis, logo seguida pela Variante, hoje conhecida como Washington Luis. A facilidade de acesso – ônibus, trem, lotação, táxis e carros particulares – tornaram os hotéis de alta rotatividade um grande negócio. Na década de 60, os hotéis evoluíram para o estilo norte-americano de motéis, que originalmente eram pousadas para motoristas em trânsito. Até a casa onde residia o deputado Tupynambá de Castro, cedida para a instalação do Município, em 31 de dezembro de 1943, acabou se transformando no “Hotel Municipal”.
Como sempre, os donos de hotéis sonegavam impostos, pois a “clientela” não fazia questão de se registrar numa época em que adultério era crime e podia acabar em cadeia. Nos anos 60, tentando melhorar a arrecadação do Município, o então diretor de Fazenda da Prefeitura, Pedro Bianco, decidiu implantar um regime especial de fiscalização, a “quarentena”, através de plantão na portaria dos hotéis e motéis, levando consigo, além de uma turma de fiscais, alguns guardas municipais. Enquanto a fiscalização estava no motel, a “clientela” passava direto, o que provocou acentuada queda de receita. Sem alternativa, os donos de hotéis concordaram em “reajustar” os impostos pagos à prefeitura para que a fiscalização deixasse os estabelecimentos livres da “quarentena”. Os tempos mudaram, mas a Prefeitura continua tendo problemas para arrecadar o ISS devido pelos motéis, por falta de registro dos hóspedes e ineficiência da fiscalização, que ainda vive no tempo do talão de multas e da nota fiscal feita em gráficas.
Entre os crimes de maior repercussão na Baixada, envolvendo o “jogo do bicho”, temos o seqüestro e assassinato do deputado estadual José da Costa França, um homem de comportamento violento e acusado pela Polícia de comandar um grupo de traficantes e matadores de aluguel que agia na Baixada. O deputado foi seqüestrado numa churrascaria de São João de Meriti e, levado para a Praia de Mauá, foi trucidado. Embora um delegado de Polícia tenha sido apontado pela própria Policia como o principal suspeito, ninguém foi condenado.

6 Comentários:

Blogger pedaços de nossa historia disse...

vc poderia falar do saudoso comissario abrahão em sua materias.

11:40 AM, janeiro 23, 2009

 
Anonymous Anônimo disse...

Fale sobre a casa deste banqueiro, sua bele za e fotos.

12:04 AM, fevereiro 21, 2009

 
Anonymous Mario Silva disse...

para esclarecer ao sr.Alberto sobre a nacionalidade do sr.João Silva(João Bicheiro)ele era brasileiro filho de portugueses posso afirmar isso com certeza pois ele era meu pai,sem mais obrigado . Mario Silva

8:34 PM, maio 21, 2009

 
Anonymous Anônimo disse...

eu tenho fotos dessa casa: a quem interresar.

12:45 AM, julho 25, 2011

 
Anonymous Anônimo disse...

eu tenho fotos dessa casa: a quem interresar.

12:45 AM, julho 25, 2011

 
Anonymous Anônimo disse...

eu tenho fotos dessa casa: a quem interresar.

12:46 AM, julho 25, 2011

 

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