Crônicas de conteúdo histórico-cultural sobre artistas, personalidades, políticos e acontecimentos em Duque de Caxias, RJ, projeto concebido pelos jornalistas Alberto Marques e Josué Cardoso.

sexta-feira, outubro 28, 2005

A OUSADIA DE UM HOMEM MUDOU A HISTÓRIA DE CAXIAS (Coluna 145, final)

►Num trabalho elaborado em 1982, denominado “Emancipação Política do Município de Duque de Caxias", o professor Stélio Lacerda, ex-Secretário de Educação do Município, registrou a falta de participação popular efetiva no movimento que resultou na emancipação do então 8º Distrito de Iguaçu. Em sua monografia, o respeitado mestre assim registra a forma autoritária com que a emancipação foi concedida pelo Estado Novo, sob a égide de Getúlio Vargas:
“A obtenção da autonomia foi uma concessão da interventoria federal, um ato “de cima para baixo”, coerente com os procedimentos políticos do Brasil estado-novista.
Inexistência de participação popular, chefias políticas inautênticas e omissas, não formação de uma estrutura político-administrativa preparadora da autonomia, fortalecem a afirmação que a reivindicação emancipatória reduziu-se à elite empresarial existente no distrito, constituída por comerciantes e industriais.
A essa elite, conservadora e insuspeita aparentemente à ditadura, pode-se atribuir a iniciativa para a conquista da maioridade para o distrito. Mas, não se pode afirmar que tenha sido essa a razão maior do ato concessório. (In “Caxias de Ontem - um pouco de memória”, de Stélio Lacerda, 2004, Edição do Autor)

Para reforçar essa afirmação do professor Stélio Lacerda, basta lembrarmos que a emancipação de Duque de Caxias ocorreu em plena ditadura do “Estado Novo”, fato que limitou a emancipação em apenas nomear prefeitos-interventores do novo Município, pois a primeira eleição direta para prefeito só ocorreria em 1947, já no Governo do Presidente Dutra, que fora Ministro da Guerra de Getúlio Vargas e tivera papel importante na derrubada do regime instaurado com a Revolução de 1930.
Ninguém pode negar, porém, o sentido político de afirmação do povo do Distrito, através do movimento encabeçado pelo “Machadinho”, um homem simples mas um líder nato de uma cidade que, em pouco mais de 60 anos de emancipação político-administrativa, chegaria à sua atual posição, de 6º PIB do País e a segunda economia do Estado do Rio, posição que só perde para a Capital, onde grandes empresas, como a Reduc e muitas outras, têm escritórios e onde declaram a maioria dos seus tributos, que reforçam o Fundo de Participação da capital fluminense na arrecadação federal e estadual. Temos até uma grande rede de eletros-domésticos, com sede em São Caetano do Sul, SP, que aqui detêm o maior número de filiais nesse tipo de negócio.O faturamento é feito diretamente na sede paulista da empresa, que fatura R$ 2.000,00 por segundo, isto é, enquanto você vê um dos seus comerciais na TV, mais R$ 60.000,00 acabaram de ser faturados em todo País.

(Coluna 145, publicada em "O MUNICIPAL", Edição nº 9046 (28-10 A 04-11-2005, pg. 5)
CONCEPÇÃO: ALBERTO MARQUES E JOSUÉ CARDOSO.

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